sexta-feira, 30 de julho de 2010

Obrigada


- Por que eu não posso simplesmente desistir? – perguntei ansiosa.
- Porque esse é o caminho mais fácil. – ele falou um pouco nervoso.
- Esse deveria ser justamente o motivo. – falei defensiva do meu ponto de vista.
- Sim, deveria, se você fosse fraca, e quer saber de uma coisa? – ele perguntou.
Engoli em seco, deixei que ele respondesse imaginando que fosse uma pergunta retórica.
- Se você quer mesmo desistir, faça, desista, seja fraca. Agora, se você o fizer, tudo terá sido mentira. – ele falou ríspido.
- Tudo o que? – perguntei afligida.
- Meu amor por você, ele foi tudo pra mim. – ele falou.
- Não fale isso. – respondi nervosa e constrangida.
- Se lembra quando nos conhecemos? Olha, meu mundo havia desabado, eu só queria desistir, ir para casa, me trancar, viajar pelo mundo, mudar de vida; era tudo o que eu pedia a Deus todos os dias, aí você apareceu, e me mostrou que eu podia ser finalmente feliz, me mostrou que recomeçar é dar uma chance a si mesmo, é aceitar que ninguém é perfeito e que EU não precisava ser. Deixe-me mostrar o mesmo a você. Por favor, é a única coisa que lhe peço. – ele falou.
Não consegui frear as lágrimas que se sucediam; eu queria dar uma chance a mim mesma, mas se isso significava magoar a única pessoa que eu amei, eu deixaria o “mim” de lado. Eu precisava de uma certeza, precisava de uma garantia de que eu não iria perdê-lo pelo meu egoísmo.
- Você me ama? - perguntei.
- Se não amasse, não estaria aqui. Você precisa entender que eu amo você além do possível, amo o que eu sou quando estou com você. Amo a possibilidade de haver um “nós”, amo o passado, o presente e o futuro. Amo minha vida, graças a você, eu te amo. – ele falou, e novamente comecei a chorar, mas dessa vez, com alguma esperança de que eu iria conseguir.
- Se eu dissesse o mesmo, você acreditaria? – perguntei.
- Agora? Não. Preciso te dizer uma coisa. – ele falou.
- Pois diga. – falei.
- Eu só te amei depois que aprendi a me amar. Você não se ama. Você se odeia. – ele falou.
- Eu me amaria se tivesse alguma certeza de que isso vale a pena. – falei.
- Eu valho a pena? – ele perguntou.
- Espero que isso seja uma pergunta retórica porque você é o único motivo pelo qual eu ainda não desisti. – falei simplesmente.
- Então você não vai desistir? – ele perguntou novamente.
- Não enquanto você estiver aqui. – falei.
- É o que basta por enquanto – ele falou.
- Eu te amo, acredita em mim agora? – falei novamente.
- Agora e pra sempre. - ele disse
Ele beijou a minha testa, e abraçou-me. Ele me ensinou algo que eu jamais aprenderia com ninguém, me ensinou a me amar antes de tudo, me ensinou que eu não o amava pelo o que ele era, e sim pelo o que eu era quando estava com ele, acima de tudo, obrigada por naquela tarde de inverno, não me deixar desistir.

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